Santos acelera inovação no porto com estratégias tecnológicas

No coração da Baixada Santista, a cidade de Santos pulsa com um ritmo ditado pelo seu gigante portuário, o maior da América Latina. Consciente da simbiose entre o desenvolvimento econômico e a vanguarda tecnológica, a administração municipal, em sinergia com o pujante parque tecnológico local, tem implementado uma série de estratégias arrojadas para consolidar a cidade e o Porto de Santos como um polo de inovação e eficiência.

O secretário de Governo de Santos e Presidente do Conselho de Administração do Parque Tecnológico, Fábio Ferraz, explana as iniciativas que estão transformando a relação entre a cidade, a tecnologia e o seu motor propulsor econômico: o porto.

Espaço físico como alicerce da inovação

A primeira peça dessa engrenagem inovadora é a expansão das instalações físicas dedicadas à tecnologia. Nosso Parque Tecnológico é um espaço muito robusto e bem estruturado, enfatiza Ferraz. Uma característica peculiar de Santos, com sua densidade urbana e escassez de áreas, é a verticalização do parque, um contraponto à tendência horizontal de outros polos tecnológicos. Atualmente, 43 unidades, entre empresas e startups, operam no local, evidenciando um crescente interesse do setor.

A visão estratégica vai além da simples instalação. O objetivo é promover uma sinergia real entre quem produz a tecnologia e quem a consome. A ideia é permitir meetings entre o setor portuário, ou seja, o mercado que, em tese, tem como consumir essas ferramentas produzidas, e esses inovadores que buscam fomentar novas e boas ferramentas, sobretudo de tecnologia, para que a gente consiga impulsionar a competitividade do nosso porto, explica o secretário.

Automação e capilaridade

As iniciativas em curso no Parque Tecnológico miram diretamente na otimização das operações portuárias. Projetos de automatização e automação da atividade portuária ganham corpo, impulsionados por ideias e conceitos inovadores. O impacto dessas ações transcende as fronteiras locais, com empresas sediadas no parque alcançando reconhecimento e mercado externo.

Hoje, não é nenhuma ousadia dizer que Santos está se consolidando como um celeiro para empresas de tecnologia” afirma Ferraz. A região central da cidade já abriga um número significativo de empresas de tecnologia de porte, com centenas de colaboradores cada, um reflexo direto do ambiente propício criado pelo Parque Tecnológico.

Rumo a uma capital tecnológica

A ambição da administração municipal é clara: transformar Santos em uma das principais capitais de tecnologia do país, com um impacto que se estenda para além da atividade portuária, alcançando o setor público e abrindo caminho para futuras inovações. A proximidade geográfica entre o Parque Tecnológico e o Porto é um catalisador crucial para identificar as demandas específicas do setor.

Para estreitar ainda mais essa relação, uma estratégia inovadora está sendo implementada no Parque Tecnológico. As salas e espaços, inicialmente nomeados com bairros tradicionais de Santos (Vila Belmiro, Marapé, Gonzaga), agora aderem a um novo conceito: a “adoção” desses espaços por empresas portuárias.

Eu vou ter o espaço Empresa X. E naquele espaço físico, teremos ali a oportunidade de a empresa induzir aqueles que têm ali condições realmente de compreender as suas dificuldades para promover soluções, detalha o secretário Ferraz.

Essa iniciativa visa criar um ambiente de colaboração direta e desenvolvimento de soluções sob medida para os desafios do porto.

Hub logístico e tecnológico

A vocação de Santos como um hub logístico de proporções continentais é inegável. O Porto não apenas recebe e envia embarcações, mas também concentra um intenso fluxo de linhas ferroviárias e rodoviárias. Essa complexidade logística demanda soluções tecnológicas sofisticadas para garantir a harmonia e a eficiência do sistema.

A utilização de tecnologia é uma grande ferramenta, é uma grande saída. A tecnologia sempre é ferramenta, é um ferramental que pode ajudar, ressalta Ferraz. Os resultados dessa aposta na tecnologia já são evidentes, com o porto batendo recordes sucessivos de exportação e circulação de recursos.

A visão de cidade inteligente também se estende para além dos portões do cais. Santos estabeleceu um centro de controle operacional que monitora a cidade como um todo, com mais de 3.200 câmeras conectadas por uma rede de fibra ótica própria. Essa infraestrutura tecnológica permite uma gestão urbana autônoma e eficiente, beneficiando tanto os cidadãos quanto os empreendedores.

Desafio aeroportuário e integração regional

Um ponto que suscita curiosidade é a ausência de um aeroporto em Santos, dada a sua relevância econômica e proximidade com a capital paulista. O Secretário Ferraz explica que a topografia da cidade, com a concentração da população na área insular e a preservação ambiental da área continental, inviabiliza a construção de um aeroporto dentro dos limites municipais. No entanto, a Baixada Santista conta com alternativas importantes, como o aeroporto de Guarujá, cuja nova pista recém-inaugurada promete impactar positivamente não apenas as operações portuárias, mas também a mobilidade em Santos. Além disso, o aeroporto de Congonhas, distante 50 minutos do centro da cidade em condições normais de tráfego, complementa a infraestrutura aeroportuária da região.

Olhar para o futuro

A relevância de Santos no cenário nacional de inovação e logística será tema de debate no Congresso Nacional Popular, com a participação do secretário Fábio Ferraz em um painel dedicado ao tema.

Nosso porto é o nosso principal indutor econômico, afirma, destacando a importância de um porto bem-sucedido para a economia da cidade.

A participação em eventos como esse representa uma oportunidade valiosa para o networking entre profissionais e para o enriquecimento do debate sobre o futuro da logística e da tecnologia no Brasil.

Preservação e desenvolvimento

Além de impulsionar a inovação tecnológica, a Prefeitura de Santos também demonstra uma preocupação com a preservação do seu rico patrimônio histórico e arquitetônico.

O centro antigo da cidade, com seus casarões e sua história intrinsecamente ligada ao porto, recebe atenção especial. Através do programa “Investe Centro”, a administração municipal busca atrair empreendedores para a região central, oferecendo incentivos tributários e apoio técnico para a revitalização de imóveis históricos, conciliando o desenvolvimento econômico com a preservação da identidade da cidade.

A visão de Santos é clara: construir um futuro em que a inovação tecnológica e a preservação do patrimônio caminhem juntas, impulsionando o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida de seus cidadãos, com o Porto de Santos como um farol de progresso e eficiência.